Câncer

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As informações a seguir não indicam, e não têm o intuito de sugerir, que a ingestão de prata coloidal cura o câncer. Embora existam estudos que apontem para propriedades antitumorais da prata coloidal e íons de prata, em geral os resultados têm sido obtidos por exposição direta do tumor ou das células cancerígenas a íons de prata ou à prata coloidal, o que não ocorre na ingestão.

Em seu livro The Body Electric, no qual descreve suas pesquisas sobre a regeneração de tecidos humanos com correntes elétricas e íons de prata, o cirurgião ortopédico Robert Becker cogita a cura do câncer pela desdiferenciação de células cancerígenas em células primitivas. A ideia, no entanto, encontrava rejeição na comunidade científica, para quem a especialização celular seria um processo irreversível. Da mesma forma, a carcinogênese – ou o processo de formação de células cancerígenas – seria igualmente irreversível.

Enquanto prevalecesse esse dogma, a cura do câncer seria possível somente através da sua remoção cirúrgica, ou sua destruição com drogas ou radiação. Ocorre que a via cirúrgica é eficaz somente em tumores que ainda não se espalharam. A quimioterapia, por sua vez, depende de diferenças entre células malignas e saudáveis. No entanto, essas diferenças não são tão nítidas quanto se quer, uma vez que, como dito por Becker, as células mutantes do câncer nascem “não em uma galáxia distante, mas sim de uma pequena alteração em nossas próprias células”. Por essa similaridade, a quimioterapia e a radioterapia inevitavelmente produzem danos também nas células normais.

Os médicos, sensibilizados com o sofrimento do paciente, acabaram por desenvolver tratamentos cada vez mais agressivos, numa guerra que Becker comparou ao do Vietnã: para destruir o inimigo, matamos também nossos amigos. Em outra referência cultural da época, Becker compara a situação à observação feita pelo personagem Pogo da tira homônima: “Encontramos o inimigo, e eis que somos nós mesmos”.

Mas para Becker, se as células cancerígenas não passam de células normais parcialmente alteradas, nada obstava a que se promovesse sua desdiferenciação completa em células-tronco, da mesma forma como foi feita por ele na regeneração de tecidos com aplicação de íons de prata. Existiria, inclusive, uma aparentemente relação entre a regeneração e o câncer:  são menos propensos a ter câncer os animais capazes de regenerar seus membros, como as salamandras. Estes animais, após sofrerem amputação, formam uma massa de células desdiferenciadas, denominada blastema, que serve como matéria prima para a reconstituição do membro amputado.

Becker recorda que, em 1948, o pesquisador Meryl Rose realizara um estudo para avaliar se, em salamandras, o processo de regeneração pudesse controlar não apenas as células do blastema, como também as células do câncer. Para isso, transplantou tumores renais de rãs para os membros de salamandras, o que logo levou à morte dos animais. No entanto, quando os membros das salamandras eram amputados no local do tumor, ou logo abaixo, o processo regenerativo promovia a total desdiferenciação das células cancerígenas juntamente com a formação do blastema. O mais notável é que, durante a regeneração do membro amputado, as células tumorais desdiferenciadas transformavam-se novamente em células especializadas – de rãs! Um estudo microscópico revelou a presença de músculo de rã misturado com o de salamandra, de cartilagem de rã misturada com a de salamandra, e assim por diante. Os resultados do experimento comprovaram a hipótese de Rose de que o mecanismo que controla o processo de regeneração é capaz de controlar, também, o câncer.

Em outra série de experimentos com salamandras entre 1962 e 1963, realizados no Instituto Austríaco de Pesquisas Oncológicas, os pesquisadores induziram câncer de pele na base da cauda, gerando metástases aleatoriamente no resto do corpo. Em seguida, amputaram a cauda do animal, ​​deixando o tumor primário intacto. À medida que a cauda ia se regenerando, a malignidade desaparecia. Estudos celulares indicaram que as células malignas não foram mortas nem sofreram regeneração, mas que aparentemente se reverteram para células cutâneas normais. O mais curioso é que todos os tumores secundários também desapareceram, como se operados por controle remoto a partir do tumor principal. A salamandra acabou provida de uma cauda nova e curada do câncer. No entanto, se o tumor primário estivesse em um ponto distante, a amputação da cauda não surtia efeito e, mesmo com sua regeneração, o câncer primário e suas metástases evoluíam até levar à morte do animal. Esta pesquisa, combinada com a de Rose, indica que o processo regenerativo nas proximidades de um tumor primário é capaz de fazê-lo regredir, transformando-se novamente em tecido normal.

Para Becker, o processo de diferenciação desencadeado por íons de prata em seus experimentos poderia ser capaz de promover a desdiferenciação de células cancerígenas também em humanos. Em um de seus pacientes, que sofria de infecção crônica do osso com câncer associado na lesão, e que recusava a amputação que lhe fora recomendada, o tratamento com íons de prata foi capaz de controlar a infecção em três meses, além reverter as células tumorais presentes na lesão para células normais. O cirurgião relata que, oito anos após o tratamento, soube que o paciente continuava saudável.

Pouco antes de encerrar suas pesquisas por falta de verba, Becker e sua equipe chegaram a realizar estudos com células de fibrossarcoma (fibroblastos malignos), constatando que a injeção de íons de prata por eletroforese era capaz de deter a mitose (divisão) de células cancerígenas.


Em um estudo realizado por Franco-Molina et al. sobre o uso de prata nanoparticulada em terapia para câncer, foi constatado que a prata coloidal induz a morte de células da linhagem de câncer de mama, MCF-7, agindo por apoptose, sem afetar a viabilidade das células PBMC normais. Segundo o estudo, a prata nanoparticulada apresenta-se como possível agente terapêutico alternativo para o tratamento do câncer de mama.


Becker RO. The Body Electric: Electromagnetism and the Foundation of Life. New York. NY: William Morrow & Company: 1985.

M. A. Franco-Molina, E. Mendoza-Gamboa, C. A. Sierra-Rivera et al., “Antitumor activity of colloidal silver on MCF-7 human breast cancer cells,” Journal of Experimental and Clinical Cancer Research, vol. 29, no. 1, article 148, 2010.